Editorial |
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A
personalidade que ocupa a galeria de BRASILIDADES é nosso Alberto Santos
Dumont, que, para grande orgulho do povo brasileiro, tem o crédito,
contra tudo e contra todos, de ser o inventor do avião. O autor do artigo
é Marcus Mello que o intitula, ironicamente, CATAPULTADAS ATÉ AS
PEDRAS VOAM... Neste
número 16, que corresponde aos meses de janeiro, fevereiro e março de
2004, contamos com autores da Argentina, do Brasil, da Espanha e do México. Em
CRIAÇÃO, a professora
da UFES, Josina Nunes Drumond, graduada em Letras e Artes Plásticas,
doutoranda em Comunicação e Semiótica, nos brinda com FRONTEIRAS MOVEDIÇAS:
O HIBRIDISMO EM GRANDE
SERTÃO: VEREDAS . A
partir del conceito de fronteira,
em Semiótica de la
Cultura, a autora esboça, em Grande
sertão: veredas, de Guimarães Rosa, as fronteiras movediças e o
hibridismo espacial e temporal, nos personagens
e na alquimia do verbo. Ainda
nesta seção temos, mais uma vez, a satisfação de contar com a colaboração
do poeta e escritor mexicano León
Guillermo
que apresenta texto que nos fala de perto, TRANSCULTURACIÓN INVERSA EM O
CORTIÇO. Este estudo demonstra a existência da transculturação
inversa, que tem as mesmas etapas que a exposta por Ortiz y Rama. O autor
destaca no romance fundacional os elementos dominadores do Brasil que
exerceram o abrasileiramento
dos colonizadores, submetidos à sensualidade e à natureza.
Na seção
ESTUDOS LINGÜÍSTICOS, com prazer, apresentamos ensaio da professora
doutora em Lingüística pela UNESP de Assis, Eliane Roncolatto,
que atua como professora de Língua Espanhola nos
cursos de Letras e Secretariado Executico da PUC/PR. Em seu texto A
FORMAÇÃO DE IMAGENS MENTAIS E METÁFORAS EM UMA ANÁLISE DAS EXPRESSÕES
IDIOMÁTICAS DO PORTUGUÊS E DO ESPANHOL, a autora trata das questões
mais relevantes no que se refere ao estudo das expressões idiomáticas:
as imagens mentais e a formação das
metáforas. Entende a autora que cada comunidade de falantes elege
elementos lexicais que atendem a suas necessidades expressivas em um
determinado momento histórico e cultural. Na
seção ESTUDOS LITERÁRIOS, começamos com o espanhol Carlos
Moreno Hernández,
professor titular de
Literatura Espanhola e Teoria da literatura na Facultad de Traducción de
Soria, na
Universidad de Valladolid, Espanha. Seu
importante artigo FEIJOO Y SARMIENTO: ENSAYO Y PRUEBA EXPLÍCITA trata
da vida e obra dos dois beneditinos galegos, especialmente do papel de
Sarmiento como garantia da obra de Feijoo desde seu monastério em Madrid
mediante a contribuição da
"prueba explícita", ou seja, as fontes que Feijoo usa, mas que
não cita em seus ensaios de divulgação. A
seguir, temos ACERCAMIENTO HERMENÉUTICO A LA POESÍA DE CÉSAR VALLEJO. O
DE LA POSIBILIDAD DE ANDAR EL MISMO CAMINO POR
DIFERENTES CAMINOS, do
premiado pesquisador e professor mexicano José Martín Hurtado.
Em
seu artigo sobre César Vallejo, hermenêutica e leitor latino-americano,
o autor afirma que ler os poemas de Vallejo, a partir de nossa
latino-americanidade, é uma forma de compreender que também somos o que
imaginamos ser. Ler poesia
é criar uma nova realidade, é puro prazer, é viver, sonhar imaginar. O
instigante ensaio da renomada e premiada professora argentina, Julia
Elena Rial/LOS DETECTIVES
SALVAJES DE ROBERTO BOLAÑO: UN OBITUARIO A LA ARRATIVA DEL SIGLO XX, fala
sobre relações humanas conflitivas, contraditórias, contingentes e
niilistas, onde crises sociais merecem múltiplas leituras. A
especialista em García Márquez, a brasileira Selma
Calasans Rodríguez
é doutora em Literatura
Comparada e em Teoria da Literatura, professora na Universidade Lusófona
de Humanidades e Tecnologias (ULHT) e autora de inúmeros trabalhos
publicados em revistas especializadas. A autora nos brinda com REALISMO
MÁGICO / MARAVILHOSO E PÓS-MODERNIDADE
EM GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ. Seu
artigo revisa o conceito de pós-moderno imputado ao romance de Gabriel
García Márquez, Cien años de
soledad e
critica o conceito de realismo mágico aplicado a outras obras, além
de discutir o realismo maravilhoso. A
obra de arte que nos inspirou, o audacioso e polêmico quadro da pintora
Tarsila do Amaral, é uma síntese do colorido da terra e da paisagem
brasileiras, portanto traz um forte apelo à nossa brasilidade. Colocá-la
em evidência em nosso portal, como bandeira de um movimento
essencialmente brasileiro, não quer dizer que alijamos nossas raízes ibéricas,
mas, afinal de contas, aprendemos com o poeta que nossa terra tem
palmeiras onde canta o Sabiá só que as aves que aqui gorjeiam não
gorjeiam como lá. Agradecendo sempre a todos que caminharam junto com Hispanista, nos dando apoio e confiança, desejamos um ano novo muito proveitoso, cheio de luz e esperança. Um grande abraço hispanista. Suely
Reis Pinheiro
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