HISPANISTA Vol XVII 66 Julho Agosto – Setembro de 2016
Revista eletrônica dos Hispanistas do Brasil Fundada em abril de 2000
ISSN 1676
904X
Editora geral: Suely Reis Pinheiro
QUEM SOMOS
EDITORIAL
Vida&Poesia 

 O Jangadeiro

Manoel de Andrade

 Este pequeno ensaio procura mostrar o heroísmo e o desamparo do jangadeiro do Nordeste. O autor relata aqui seu contato pessoal com os pescadores do Ceará, em 1968, descrevendo as mágicas aventuras desses intrépidos navegantes, que arriscam diariamente a vida em alto mar e esquecidos pelos poderes públicos. Na dignidade da sua pobreza e pelas perigosas condições de trabalho, a vida fez do jangadeiro um homem sem medo e sem outra crença que não seja a esperança de voltar com o que necessita para sobreviver.Os nordestinos do sertão emigram para as grandes cidades da região e para o sul do país, em busca de uma terra prometida, mas os pescadores jamais deixam o litoral. Simples, anônimo, solitário e destemido, o jangadeiro é um titã. Um herói honrado pelo esquecimento. É o gigante da costa nordestina e poucos navegantes em todo o mundo poderão igualá-lo em ousadia e destreza.

CRIAÇÃO

Catástrofes e ecologia da ação: implicações práticas para a educação do século XXI 

    Geraldo Antônio da Rosa  & Lucia Ceccato de Lima  & Marina Patrício de Arruda

Este artigo tem por objetivo discutir a relação entre catástrofes e ecologia da ação considerando as possíveis implicações dessa reflexão para a educação do século XXI. A humanidade, nesta segunda década do século XXI, vivencia de forma perplexa situações de catástrofes que colocam em risco a sobrevivência planetária. A ecologia da ação alerta-nos para o fato de que uma ação lançada ao mundo não depende apenas da vontade de quem a pratica, depende também dos contextos nos quais se insere, ou seja, das condições sociais, biológicas, culturais, políticas que acabam por delinear novos sentidos. Neste sentido, acredita-se que a educação tem um importante papel no que concerne à reforma do pensamento, cujas consequências existenciais, éticas e cívicas seriam capazes de nos dar um rumo.

ESTUDOS LINGUÍSTICOS

Uso de cuentos para la enseñanza de la interacción oral en las clases de español lengua extranjera 

Letícia Joaquina de Castro Rodrigues Souza e Souza & Camila Miranda Machado

Este artigo busca refletir sobre a importância do texto literário, especificamente o conto, na realização da interação oral, analisando as estratégias utilizadas por alunos de nível B1(intermediário) para manter uma comunicação satisfatória nas aulas de Espanhol como língua estrangeira.

ESTUDOS LITERÁRIOS

  La desregulación: su representación en Flores, de Mario Bellatin

 Álvaro Mendes de Melo & María Eugenia Flores Treviño 

Flores (2001), do autor mexicano Mario Bellatin é uma pequena narrativa constituída por trinta e seis fragmentos, cada um intitulado com o nome de uma flor. As histórias que se contam nos fragmentos mantem relações precárias e fugidias. Frente a esse universo em vias de decomposição, nos indagamos a respeito da identidade que nele se representa, constatamos que na desregulamentação do universo narrativo ecoam metáforas da situação pós-moderna.  

  Visiones del estridentismo mexicano, desde la perspectiva de Arqueles Vela y Luis Quintanilla, en el Café de nadie y avión

   Gracineia dos Santos Araújo & Martha Rosario Borrego Borrego  

  O México estridentista, ainda herdeiro das sequelas da Revolução de 1930, é um cenário onde convergem o sonho e a esperança, no qual muitos intelectuais buscam, pelo tato, um novo alento cultural e, consequentemente, a renovação da nação a través da arte. Diante desta realidade, floresce da pluma de autores vanguardistas, como Arqueles Vela e Luis Quintanilla, uma literatura que dá luz aos acontecimentos sociais de então. Com base nesta perspectiva, o presente trabalho aspira destacar a parte lúdica e inovadora dos seus textos, como podem ser a naturalidade e o humor poético, em El café de nadie y Avión.  

Corpo e ditadura em Ciencias morales: construções e micropolíticas que sobrevivem

 Inês Skrepetz    

 Em Ciencias morales (2007), romance do autor argentino Martín Kohan, é possível perceber a agudeza do discurso literário sobre as políticas do corpo, tendo a crise da ditadura argentina como um dos focos da abordagem narrativa. Nessa perspectiva, a concepção foucaultiana de biopoder (Raul Garcia, 2000), torna-se pertinente para que possamos abordar e problematizar as relações entre corpo e poder.

Pensamento latino-americano: o conceito de América Latina, a noção de “estar” e a autenticidade dessa filosofia                  

        Leandro Haerter &  Márcia Helena Sauaia Guimarães Rostas & Maria Regina Rosa Lima   

  Utilizando alguns autores como Quesada (1974), Prien (1985), Kusch (1999) e Beorlegui (2004), este artigo realiza algumas discussões acerca do pensamento latino-americano, em especial sobre o conceito de América Latina, a noção de “estar” e a autenticidade desse pensamento, o que representa, por um lado, um questionamento à lógica ocidental europeia e, por outro, a valorização de nossas ideias, pensamentos e filosofias.    

 Remediar los cuidados. A apropriação da epístola na Espanha do século XVI    

 Ricardo Hiroyuki Shibata  

Na Península Ibérica, do século XVI, Garcilaso de La Vega (1501?-1536), Juan Boscán (1487?-1542) e Diego Hurtado de Mendonza (1503-1575) buscaram aclimatar ao espanhola epistolografia em verso de caráter horaciano. Em particular, o objetivo era emular uma conversa entre amigos distantes, sem que se produzisse os efeitos do discurso grandiloquente. Importante destacar que se trata de capítulo relevante da história das letras espanholas, mesmo porque, a despeito dos esforços individuais, conduz à descoberta de um círculo, mais extenso, de letrados, intelectuais e escritores de diversas matérias.                  

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