HISPANISTA - Vol. X  nº 36 - janeiro - fevereiro - março de 2009
Revista eletrônica dos Hispanistas do Brasil - Fundada em abril de 2000
ISSN 1676-904X

Editora geral: Suely Reis Pinheiro
QUEM SOMOS
EDITORIAL
Vida&Poesia 

 Véspera

Manoel de Andrade   

O poema deixou gravada a ansiedade do autor na madrugada de sua fuga do Brasil, em 14 de março de 1969. É o testemunho angustiante de momentos marcados por pressentimentos e pânico. Fala da pátria esmagada pela repressão e pelo intenso patrulhamento político-ideológico que se instalou no país com o Ato Institucional nº. 5, imposto pela ditadura militar em dezembro de 1968. Fala de prisões e interrogatórios e de almas devassadas pela tortura.  Fala de suas canções amordaçadas e, contudo, canta profeticamente para um distante amanhecer em que sua poesia  irá florescer e por isso escreve para um dia em que tantos crimes poderiam ser contados, para  um tempo  anunciado  pelo hino dos sobreviventes. O poema é um doloroso gesto  de despedida  e, ao mesmo tempo,  iluminado pelo brilho da esperança. Dor e esperança ampliadas pela visão e memória dos seus livros perfilados na tristeza, dos amigos dos últimos momentos, nas lágrimas de um benquerer e no beijo de adeus em sua filhinha adormecida. O poeta antecipa poeticamente a madrugada e sai pela porta estreita da incerteza em busca de uma rota de fuga. Leva intactos seus sonhos, uma bandeira escondida na alma e no coração o passaporte da liberdade. Manoel de Andrade deixou o Brasil, alertado da sua prisão iminente pelo conteúdo do seu poema “Saudação a Che Guevara”, escrito em outubro de 1968, e panfletado em universidades e  sindicatos de Curitiba. O poeta deixava o país exatamente numa época em que sua poesia começava a ser conhecida nacionalmente, divulgada em grandes jornais e publicações como a Revista Civilização Brasileira. O poema Véspera consta de seu livro Poemas para a Liberdade, com quatro edições no exterior e recentemente lançado no Brasil.

ESTUDOS LITERÁRIOS

O rio e o arame: testemunhos de mexicanos  indocumentados nos EUA

  Bárbara Caldas

Através da narrativa-testemunho o indivíduo, em um processo de recuperação da memória, narra a sua história ao mundo. Estas narrativas fazem parte de um conjunto de textualidades que não só permitem o conhecimento de histórias ainda não contadas como também assumem um compromisso ético com as comunidades que representam.

 

 

 

La literatura guineoecuatoriana o la problemática de una identidad propia

 Ezequiel Akrobou

Este trabalho pretende estudar e mostrar a literatura africana contemporânea escrita em  língua espanhola. De fato as produções intelectuais dos guiné-equatorianos eram praticamente desconhecidas do público tanto africano como europeu  por razões essencialmente políticas. Isto por ser o único país africano que adotou a língua castelhana como meio de comunicação e de escritura. Em  realidade, Guiné Equatorial, de acordo com sua situação geopolítica é herdeira de uma dupla  tradição literária, por um lado, banto e negroafricana, e hispânica, por outro. Esta especificidade cultural e lingüística participa da formação de um espaço identitário próprio que seguem reivindicando os escritores guiné-equatorianos.

Los elementos de la tragedia griega en Bodas de Sangre de Federico García Lorca

Jolanta Rekawek

O escritor espanhol, Federico García Lorca, aproveita na sua obra Bodas de sangue (1933) vários elementos típicos da tragédia clássica (especialmente grega). Combina estes recursos com seu profundo conhecimento da tradição popular na Espanha (sobre tudo andaluza) como também com a visão das questões próprias da sua época e assim consegue articular a tradição como marca identitária da contemporaneidade.

Una Aproximación al “Canto General de Pablo Neruda

 Alejandra Crespin

 "Este libro termina aquí. Ha nacido de la ira, como una brasa..." Assim termina a magnífica obra de Pablo Neruda "Canto General" publicado em 1955. Neruda cumpriu seu propósito, afastando-se do que havia sido uma etapa "romântica" para se tornar um poeta testemunho. Tratarei de mostrar como se repete o tema do poeta como porta-voz de seu povo e como esse mesmo povo é o personagem central do "Canto General".

WEBLÍNGUA

Locuaz, superchería, permisología

 Alexis Márquez Rodríguez

O autor apresenta uma série de pequenos artigos em que estuda elementos da linguagem. 

 
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