HISPANISTA - Vol X
II-
nº 46 - Julho - Agosto -
Setembro
de 2011 ISSN 1676-904X |
Editora geral: Suely Reis Pinheiro |
QUEM SOMOS |
EDITORIAL |
Vida&Poesia |
O centenário de José María ArguedasManoel de AndradeO Peru comemora neste ano de 2011 o centenário de nascimento de José Maria Arguedas, cuja originalidade como escritor construiu-se numa estética literária marcada pela fidelidade às raízes da cultura andina. Narrador, poeta, filólogo, antropólogo e etnólogo, Arguedas deixou uma herança literária propondo urgentes reflexões sobre a cultura quéchua em particular e como repensar o indigenismo como uma bandeira de luta. Neste artigo o poeta Manoel de Andrade conta de sua perplexidade ante seu suicídio em Lima, onde se encontrava e fazia trâmites para entrevistá-lo. Comenta o impacto de sua morte nos meios intelectuais, a esquerda e as lideranças indigenistas e sobre as cartas trocadas entre Arguedas e o guerrilheiro Hugo Blanco alguns dias antes morte trágica um dos mais importantes escritores da literatura latinoamericana do século XX. |
CRIAÇÂO |
O inconsciente lacaniano e a educação contemporânea Guilherme Augusto Rezende Lemos Tenho me debruçado sobre as condições de possibilidade do currículo e da educação escolar num mundo interconectado, povoado por sujeitos descentrados imersos em culturas híbridas, entendidas como traduções ou não-lugares. Neste artigo comento como Lacan tenta tornar compreensível a função do tempo no processo de identificação do sujeito em suas relações com outros sujeitos e do ato de fala que conclui esse processo. Mas o que isso tem a ver com currículo e educação escolar que, definitivamente, é o que me interessa? Ora, se um dos princípios fundamentais da educação escolar é introduzir à cultura vigente e orientar para o exercício da agência, como isso pode ser pensado, aderindo a Lacan e Hall, quando a noção de agência se volatiliza e a idéia de cultura repousa sobre um híbrido intangível? Como, levando-se em consideração a interconectividade, pensar um híbrido intangível cuja velocidade de sua mutação não permite sequer o fechamento provisório a que nos remete nossa escola iluminista? Se cremos que “palavras [faladas] o vento leva” e se exatamente é a fala que conclui o processo de identificação do sujeito e suas relações com outros sujeitos, em que sustentáculos nossa educação escolar pode ancorar? |
Teresinka Pereira É tão refrescante beber um trago de nova poesia! O livro que acabo de ler tem o título de El anarquista de las bengalas. O poeta alemão Rainer Maria Rilke dizia, explicando a ocupação do poeta, que naturalmente trabalha em todas as horas, como o "anarquista de bengala" como quem faz nascer as imagens que estão esperando para sair à luz, porque o futuro deve entrar dentro do poeta muito antes de acontecer... Todo poeta tenta explicar o que é "ser poeta" e nem sempre o consegue. Santiago Montobbio tem várias maneiras de dar a sua "definição" de poeta em seus versos ou em prosa-poética, para não se contradizer: "quisera dizer que ser poeta é um mistério e algo estranho, mas que sê-lo jovem (além de ir tateando, que é, acho, o único modo de ser) inevitavelmente produz certo desamparo". Pois aí vem outra vez, o sentido do mistério... A poesia é o mistério que confirma a existência do poeta, que sem ela, não é nada nem ninguém. |
ESTUDOS LINGÜÍSTICOS |
Entre lembranças e esquecimentos: relato memorístico sobre o ensino de Espanhol no Rio de Janeiro Luciana Maria Almeida de Freitas
Este artigo, originado em uma tese (FREITAS, 2010), apresenta um relato memorístico sobre o ensino de espanhol, com foco no Rio de Janeiro. Embora
se abordem aspectos relativos ao ensino regular, sua principal
contribuição está no histórico do surgimento, na discussão do papel dos
cursos livres especializados em língua espanhola e na sua relação com as
políticas lingüística internas e externas, bem como com o mercado. Para
construí-lo, foram utilizados os pressupostos
da história
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Uso en el diálogo de la lengua de Juan de Valdés María del Pilar Roca O presente estudo faz uma leitura do valor educativo do Diálogo de la lengua, do pensador conquense Juan de Valdés (1504-1541). Partindo da tradição ascética e mística castelhana, caracterizada pela interiorização e a reflexão, é analisada a compreensão do termo uso como prática da memória que constitui a identidade do grupo de falantes e que dá sentido a uma comunidade lingüística. |
ESTUDOS LITERÁRIOS |
El tango: un espejo que refleja la identidad del pueblo rioplatense Elda Firmo Braga e Keli de Santana Louret O presente trabalho se propõe a refletir sobre como a influência de alguns dos acontecimentos históricos e sociais na região de La Plata refletem nas letras de tango, pois esta expressão cultural não advêm de um fenômeno isolado, mas está associada com as circunstâncias políticas, históricas, econômicas, entre outras, refletindo em si mesma, o ambiente e o contexto onde está inserida. Embora seja comum a presença de temas dramáticos de sofrimento por amor, desgraça, mulheres perdidas e mães sacralizadas, as letras de tangos utilizam também recursos como a sátira, o humor, a crítica social, entre outros. Para tanto, optamos por priorizar alguns dos temas presentes nas letras tanguisticcas, como a nostalgia do campo e / ou cidade; a imigração; a prostituição, o amor ferido; a mãe; os problemas sociais; o humor e a sátira. |
José María Arguedas: en el primer centenario de su nacimiento Enrique Rosas Paravicino Como intérprete da cultura andina, José María Arguedas traçou sua proposta literária com radicalidade estética, com base em um conhecimento direto do drama indígena e com domínio do quechua, sua primeira língua, como também graças a sua experiência de científico social. Depois de seu trágico falecimento em 1969, os estudos acerca de sua obra se multiplicaram, contudo sempre restam elementos para se rastrear em sua vasta poética, particularmente por ocasião do primeiro centenário de seu nascimento. |
WEBLÍNGUA |
Alexis Márquez Rodríguez O autor apresenta uma série de pequenos artigos em que estuda elementos da linguagem. |
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