HISPANISTA - Vol X
III - nº
49 - Abril - Mayo -
Junio
de 2012 ISSN 1676-904X |
Editora geral: Suely Reis Pinheiro |
QUEM SOMOS |
EDITORIAL |
Vida&Poesia |
Manoel de Andrade Em 1965, o mundo estava dividido pela Guerra Fria. A ameaça atômica pairava sobre a humanidade, e no Vietnã as bombas norte-americanas arrasavam florestas e aldeias. No Brasil, o tempo foi aquartelado, o povo silenciado e os bravos desterrados. O ano terminou com oitenta e quatro denúncias de torturas e três mortos vitimados pela ditadura militar. Foi neste trágico contexto que o poeta Manoel de Andrade transformou em versos sua indignação contra o muro de Berlim, o delito de Hiroshima e descreveu o tempo da pátria como um mandato de silêncio. Não se intimida diante do “ultraje dos decretos” e alça seu grito para cravar seu “escarro no pátio sangrento dos quartéis”. O poema “A náusea” é um libelo contra um mundo amordaçado pela “retórica paz dos tratados”, pelo medo e os pressentimentos. E, contudo, a despeito “da alienação e da descrença”, o poeta canta por um tempo semeado pela esperança. Sonha recrutar o amor e a liberdade para que a beleza possa um dia desabrochar no coração dos homens. Escrito em 1965, o poema “Náusea” é um ato de coragem e denúncia ante uma cultura cada vez mais reprimida. Seu desafio não foi apenas escrevê-lo, mas torná-lo público, como o único poema político contra a ditadura, declamado na Noite da Poesia Paranaense, realizada aquele ano no Teatro Guaira, de Curitiba, ao lado de mais treze poetas. |
CRIAÇÃO |
O narrador e sua matéria: processo mimético e alegoria em José Saramago Lourdes Alves Kaminsk & Toani Caroline Reinehr Para Benjamin (1992), a tessitura do texto literário se dá num processo minucioso e intencional, em que o narrador atua como o artesão, modela e indica os significados por meio dos arranjos linguísticos realizados no texto para a elaboração das imagens e da dramaticidade que tais imagens podem sugerir. Partindo de tal pressuposto, este estudo pretende propiciar a reflexão sobre alegoria, processo mimético e elementos do grotesco nas obras Ensaio sobre a cegueira (1998) e As intermitências da morte (2005), de José Saramago. Entende-se que, configurada como tropo de pensamento, a alegoria pode ser observada, no texto literário, a partir do estudo dos signos presentes, que permitem a transfiguração para signos ausentes, conforme Hansen (2006), responsáveis por ampliar a significação. |
Pedra Bonita e a denúncia do atraso nordestino em tempos de modernidade Geice Peres Nunes O presente ensaio se propõe a investigar aspectos da modernidade presentes no romance Pedra Bonita, de José Lins do Rego. Para tanto, orienta-se na coordenada espacial como o elemento estrutural capaz de dar suporte para uma análise que se debruça nas questões ligadas ao messianismo e ao cangaço como posturas justificadoras do atraso no sertão nordestino do Brasil. |
ESTUDOS LINGUÍSTICOS |
Observaciones acerca de la jerarquización de las funciones sociales de las lenguas en Costa de Marfil Williams Jacob Ekou O objetivo deste artigo é mostrar um aspecto da situação sociolinguística na Costa do Marfim. A apresentação é parte do país, seguido por uma análise dos componentes relevantes envolvidas na priorização das funções sociais de línguas em contato no território. Conclui-se que o prestígio concedido a uma determinada língua em detrimento de outra em uma situação de bilinguismo, pode ter consequências que podem ir desde o desaparecimento desta última até a marginalização das pessoas que a falam. |
ESTUDOS LITERÁRIOS |
¿Acaso hubo Revolución? Aproximaciones críticas en torno a algunos textos de narradoras mexicanas nacidas a partir de 1970 Cándida Elizabeth Vivero Marín A narrativa escrita por mulheres mexicanas, nascidas a partir de 1970, alude escassamente ao contexto nacional, menos ainda faz referência à história do país ou evoca a façanha revolucionária. Esta ausência, contudo, é significativa tanto que se pode dizer que através deste silenciamento subjaz um discurso com marcas de desilusão e desencanto pelo presente e pelo passado. |
Bajo la materia de la verdad, un blanco nocturno Livia Grotto O livro Blanco Nocturno pode ser considerado um romance policial crítico. Aborda um assassinato e disputas ocorridas numa zona rural da Argentina, que funciona como pano de fundo para um questionamento sobre a verdade em nosso tempo. A predileção pelo urbano, sobretudo por Buenos Aires e seus arredores, é deixada de lado. Ricardo Piglia mantém-se, entretanto, fiel à exploração constante da forma literária e ao contínuo desenvolvimento de seu mundo fictício. |
Luis de Léon: tradutor humanista nos primórdios da modernidade Nilton dos Anjos Frei Luis de León foi o grande tradutor humanista da Universidade de Salamanca no século XVI. Primeiro editor e defensor das obras de Santa Teresa d’Ávila e responsável por uma das traduções mais belas do ‘Cântico dos Cânticos’ e do ‘Livro de Jó’. Discrepou sutilmente de muitas passagens sugeridas pela Vulgata, e evitou sempre que pode a interpretação alegórica da Sagrada Escritura, emprestando ainda mais valor à filologia e à criação poética. Suas opções filológicas estavam inseridas dentro do contexto de colisão religiosa que surgiram no contexto europeu a partir da Reforma. Contudo, sua obra, apesar de se manter sob influência contra-reformista, dá mostra cabal da via compreensiva proposta pelos humanistas. |
WEBLÍNGUA |
Escatológico, Desaforado, Protagonista Alexis Márquez Rodríguez O autor apresenta uma série de pequenos artigos em que estuda elementos da linguagem. |
NORMAS |
Normas para envio de artigos |
CONSELHO
|
Conheça os membros do Conselho Editorial |
CORRESPONDENTES
|
Conheça os nossos Correspondentes no Brasil e no Exterior |
NÚMERO ATUAL DA REVISTA HISPANISTA
|
Visite o número atual |
NÚMEROS ANTERIORES DA REVISTA HISPANISTA |
Visite nossos números anteriores
|
PORTAL HISPANISTA |
Retorne ao portal |